A vida não pode esperar

A vida não pode esperar

 Por Diza Gonzaga, diretora institucional do DetranRS.

A vida não pode esperar. Essa é uma frase que uso com frequência, pois, quando falamos em preservar vidas, cada segundo é precioso e é necessário agir com rapidez. Mas não podemos fazer com que a urgência atropele prioridades, porque a pressa pode levar a decisões equivocadas.

Há poucos dias, alguns segundos foram suficientes para aprovar requerimento de urgência ao projeto de lei nº 3.267, que trata das alterações propostas para o Código de Trânsito, e agora pode ser votado a qualquer momento.

Tenho convicção de que o combate à “epidemia motorizada” que assola o Brasil merece estar no topo das preocupações do governo e da sociedade. É sabido que a violência no trânsito mata 40 mil brasileiros por ano, colocando o país entre os três mais violentos do mundo – marca superada pela covid-19, em pouco mais de três meses.

Por mais que a revisão do CTB seja legítima, neste momento em que o mundo está com a atenção e os esforços voltados ao combate desse inimigo invisível que sem aviso prévio redesenhou nossas rotinas e o modo como convivemos, impactando, inclusive, na mobilidade e na forma como nos locomovemos pelas cidades, ela é no mínimo inoportuna.

Com uma votação na atual conjuntura, sessões remotas e emendas sem análise e debate prévio, corre-se o risco de comprometer conquistas e o trabalho que há anos vem sendo construído por governos, sociedade e instituições como a Fundação Thiago Gonzaga.

É imprescindível que as propostas desse projeto de lei, muitas delas com impacto imediato na segurança e na preservação da vida, sejam apreciadas de forma adequada e minuciosa, levando em conta estudos técnicos e as diferentes realidades do país, e não votadas durante um período de exceção.

Por tudo isso, é necessário que a sociedade, os órgãos que compõem o sistema de trânsito e as organizações da sociedade civil sensibilizem os deputados para que se oponham a uma votação apressada, na certeza de que nenhum interesse ou manobra política deve se sobrepor à vida e à segurança dos brasileiros.

Artigo publicado no jornal Zero Hora, em 23/06/20.

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