A Nossa Escolha Fez a Diferença

A Nossa Escolha Fez a Diferença

Por Antônio Carlos Gouveia

O Maio amarelo, criado em 2014, é um Movimento mundial presente em 23 países de cinco continentes e que tem como principal objetivo mobilizar a sociedade em prol da segurança viária, atuando para salvar vidas nas estradas do mundo todo, e conscientizando a todos sobre a importância do respeito no trânsito.

O cenário do trânsito no Brasil, de fato, não é dos melhores. As rodovias brasileiras são consideradas como uma das mais perigosas do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país apresenta uma taxa de 23,4 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes, o maior da América do Sul. Em 2013 o número registrado foi de mais de 41 mil vítimas fatais. O Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), da Escola Nacional de Seguros, em estudo realizado com base nos dados do ano de 2016, estimou que o prejuízo com a violência no trânsito chegou a R$ 146,8 bilhões só no ano passado, cerca de 2,3% do Produto Interno Bruto do País.

Para mudar esse quadro, o Observatório Nacional de Segurança Viária, inspirado em outros movimentos notáveis, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, propôs a criação deste que hoje é um dos principais mobilizadores da sociedade quanto a construção de um trânsito prudente para a preservação da vida e da integridade física daqueles que compartilham do mesmo ambiente.

Este ano, o Maio Amarelo trouxe frutos muito positivos. Reforçado pelo tema “Minha escolha faz a Diferença” todos os 26 Estados e o Distrito Federal dedicaram esforços incansavelmente para que o Movimento tivesse o seu objetivo alcançado. Diversas ações foram realizadas pelos Detrans em parceria com diferentes setores da sociedade civil para a idealização de um trânsito mais humanizado.

As Blitz educativas foram grandes referências de disciplina e uma das responsáveis pela redução do número de acidentes no país. Diversos Estados contaram com a instrução de servidores preparados para orientar condutores, pedestres, ciclistas e motociclistas quanto a melhor conduta a se seguir.

Além das blitz educativas, diversos Estados contribuíram com palestras, seminários, atividades lúdicas e visita à escolas, ação muito importante se considerarmos que os jovens serão os condutores do amanhã. A Associação Nacional dos Detrans (AND) reitera a importância de uma educação de qualidade na formação de novos condutores, a partir do monitoramento de aulas práticas e teóricas e a partir do uso de simuladores de direção que melhor prepararam o aluno às adversidades das estradas em diferentes expoentes. A AND insiste essencialmente em uma formação pedagógica baseada no respeito e na responsabilidade ao volante

A mídia também exerceu papel fundamental para que as mensagens a respeito do Maio Amarelo surtissem efeito. A constante divulgação nas rádios, canais de televisão, jornais e revistas ajudaram a trazer a campanha cada vez mais próxima da população. Entre as ideias difundidas, a proibição do uso do celular ao volante e a combinação de bebida e direção ganharam destaque. As mortes no trânsito causadas por esses fatores é preocupante e é preciso criar uma reeducação desses hábitos que podem causar consequências terríveis. Além destas, o uso do cinto de segurança, o respeito aos limites de velocidade e outros comportamentos foram fortemente reforçados.

Os esforços aplicados mobilizaram o cidadão. A mudança de comportamento foi nítida e os dados oficiais comprovam isso. A Organização das Nações Unidas (ONU), estabeleceu o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para Segurança no Trânsito” para que governos de todo o mundo se comprometam a tomar medidas de prevenção de acidentes. Uma das metas definidas para este período é a redução de 50% do número de mortos e feridos nas estradas. Para isso, se fez necessário o resgate dos valores de respeito e prudência para a construção do um comportamento mais altruístico, tornando o espaço de trânsito mais humanizado entre motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas.

Os dados da Polícia Rodoviária Federal, apresentados na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados no dia 31 de maio de 2017 mostram que as ações de conscientização surtiram efeito. Em comparação com o ano passado, a primeira quinzena de maio enunciou uma redução de 8% no número de acidentes e de 25% no número de fatalidades em todo o Brasil.

Mesmo com resultados melhores, é importante entender que a mudança é gradativa. A Associação Nacional dos Detrans (AND), assim como os próprios Departamentos Estaduais de Trânsito e demais instituições devem continuar firmemente incentivando um comportamento prudente entre os condutores, respeitando todos que dividem o universo de trânsito. Da mesma forma que a sociedade abraçou o Movimento no mês de maio, a sociedade deve perpetuar essa conscientização ao dirigir.

O Maio Amarelo virou um símbolo da atenção. O laço trouxe o contexto de humanização no trânsito. E é com esse espírito que a população deve seguir todos os dias. Que as nossas escolhas sejam sempre pensadas no respeito ao próximo e na segurança de todos: condutores, ciclistas, motociclistas e pedestres.


Antônio Carlos Gouveia é formado em direito, advogado atuante nas áreas da justiça cível e penal, bem como justiça do trabalho e justiça federal. Atualmente é presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública de Alagoas e também faz parte do Conselho Penitenciário do Estado. Gouveia também exerceu função de desembargador substituto do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL),  de presidente da Comissão Eleitoral junto a OAB, de subsecretário de Educação e de subsecretário de Justiça e Cidadania.

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